quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Inacabada

De latim que nunca usei, não esgotarei, se mais rabisco menos tenho de ortografar.
Redijo sobre o passado que é destino, já gozo de tudo sobre o qual posso compor.
De novo só ela ilusória, parecendo que não é se não for ou menos canção disfarçar.
Seu firmamento nunca é de cá. Pesas-me as duas mãos no coração e não irrompe.
Descansa, outras línguas surgirão, horizontes brotarão, se vão depor.

Imóvel, numa ânsia doentia de criar.

Escher, M. C.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tempo

Um dia quinze minutos depois de ontem, envelheço só de passagem. Amanhã serei de amanhã.
Num dia de horas a mais de hora vã, se eu não a tenho que a encontrem.
Isso pode, nós fazemos o tempo. Que tente achar alguém que este lugar não é só meu.
Ensaiando dar prazer furtivo, com rodeios, vejo o longo caminho terminado.

Fico em ontem revigorado, tempo a menos reunido, par sabido,
legalmente contentado e sem preâmbulo, pena aceite que demanda.
Só café e uma varanda, meu recanto que se esconde, hoje imenso para sempre que forjei.

Yerka, Jacek

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fobia

Por algumas milhas abdico.

Fomos ao mar como pediste, tão impermeável que ela fugiu. Se estamos juntos já me inventaste.
Ela não pode sair hoje à noite, no oceano demasiado denso e agora rompido e oculto sem aparente desgaste. E se é assim também fico.

No fundo do rio quieta uma luz, factos que não pode esconder, espinhos que talvez consigas fintar,
se eu entorpecer,
ou te reconheça por ter tomado em casa um café a mais se puder,
não entendendo agora (e só assim) a vastidão medonha e singela do lugar.

Yerka, Jacek

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Caminhos

É obrigatório mais do que um território para disputar, não quebrar com este vizinho abastado tranquilo.

Ontem acordei e encontro as incógnitas e exclamações que não queria, talvez não tenha lavado vezes exactas as mãos durante o dia. Ou não consegui evitar as correntes de ar necessárias.
Um sentimento bom ou terrível de paixões facultativas várias. Aquele em que me liberto de gostar ao entender porquê.
Se não tivesse adormecido e encontrado no teu silêncio à mercê, sem favores ao despertar,

perdia.

Gonsalbes, Rob

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Luzes

Vagueio pelo teu olhar e a minha cidade considera demasiado e não gosta.
Vou fazer de tudo, procurar o que não sei que não vi mesmo que tenha de ser de avião.
Sinto o receio sem medo de te ver cair, de um resultado impossível ou eficaz.
De cima promovo um banho de tulipas ou jasmim na cidade a preto e branco, ou branco imenso como a folha da próxima lição.
Vou derrapando pela corda e todo o lugar que descubro é só mais um onde te invento e encontro o aroma ou tu não estás.

E o lugar que evoco parece agora entoar-te um sim.

Olbinski, Rafal