sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Lapidação

Equívocos, percalços, sensações, o meu refúgio que alivia, não faz nada, que curou.
Recuperado? Retratado, neste universo sem fim confinado.
Pensado, retalhado, não raras vezes: imaculado. Que cresceu.
Sem papel agora escrito, sem receio que o entendam. Evolução.
Olho e sempre eu!

(Amanhã sorvo a laranja que sei depois comprarei, não comi)
Estrutura aleatória.
Aparição contigo longe, por ti a viragem, a adolescência sem ti agora, contigo agora para sempre. No limite do alarme que não soou!
Começou para evitar o que agora faço e que nunca saberão…
Propositadamente e sem querer: Não. Resultou!

Yerka, Jacek

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Nascer

Percorri 90 km para a direita, com a lua inicialmente à esquerda,
fui encontrá-la à direita, da direita inicial.
(apenas 45 minutos, enfraquecendo algumas normas, doutrinas, sempre em altas rotações)
Prefiro o de barras: a estética, a cor (porquanto me apetece)
encerrando por agora, ainda pouco promissor.

(Tomo o remédio sem ver a validade, tom desmaiado, convencido a dispensar o incerto: mentiras descobertas, adição de verdades manifestas, arbitrárias. Princípios, conclusões)

Um frasco que parti!

Gonsalves, Rob 

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Títulos

Imiscuem-se (deduzo) em décadas submersas, neste instante codificadas,
na paz que decifram.
Importantes porque voltam a repetir-se, impetuosas recordações sem união.
Um misto de fraqueza e coragem para não regressarem, ou porque não voltam.

Discordâncias já esqueci, preparadas, que virão!

Olbinski, Rafal

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Corações

Decido enviá-la à noite, sob as luzes da ribalta,
de braço em braço e os olhos nos olhos envidraçados.
Provavelmente não quererias uma surpresa, ou não ficarias para assistir.
Com toda a certeza tropeçarias de forma despercebida omitindo o sol, por não gostares de notoriedade.

(Ficaste, onde nada preparei por não acreditar)
Outro reflexo não-inocente, queda elegante na vida dos hábeis.

Ernst, Max

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Tela

Gosto daqueles cenários com obstáculos onde tropeço sem cair.
Aqueles que me fazem acreditar que do lado de cá é eufemismo.
Esses outros naturalistas com pouca profundidade que não entendo e me dedicam uma instintiva vontade de sair… me permitem acreditar no fim real.
Aqui, apesar de tudo, o realismo existe sem fazer sentido.
Esqueço-me não raras vezes de respirar e tenho medo de avançar descomedido e não encontrar o início, adulterando para sempre a obra.
Temo encontrar a indispensabilidade de algumas figuras de estilo, obrigando-me a não inventar.
Se calhar, não volto a entrar.


Yerka, Jacek

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Manga

Se eu pudesse seriam diferenciadas num cacho disforme e complementar.
Ácida, doces e sós.
(Se gostasse mais de uvas e menos de vinho era isso que faria)

Gostaria de escolher alguns outros (não muitos) com caroços que não magoam quando os faço voar.
(Maldita manga e pena o morango)
Ou então uma árvore por inventar.

Magritte, René

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Portas e janelas

Cansei-me.

Que se esqueça o necessário, dilacerado por este abrasante golpe no tempo.
Conquistada com mérito a chave inicial e neste espaço agora só meu,
Ainda bem que o cansaço me elucida.
Fecho a porta e vou cumprir mais uma dessas obrigações incontornáveis e antecipar os nervos, ainda ténues.

(tempo)

Superados mais dois níveis, tomadas com suor mas sem sufoco as restantes impostas entradas,
Sinto-me ainda mas normalmente fatigado, mais ânsia, fresco, capaz!
Saio a meio, já facilmente resolvido, capitalizando o tempo.
(Resta apenas um obrigatório e um intermédio opcional)

- Posso entrar?
- Pela janela onde perguntas!
(Pequeno contratempo suplantado pelo ganho inicial/Quando a sensatez compensa)
Assim, com tempo mas sem chave nem necessidade de teatralizar, desiludido em pequena escala e com os objectivos mínimos cumpridos, abdico.

Horas volvidas, à janela, tentando evitar essa corrente de ar, agora desnecessária,
Conforto-me no descanso da lembrança do último inevitável esforço.
Mais uma pequena vitória, esfumada na escuridão e lume refrigerantes das respostas que não consigo escrever.


Magritte, René

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Crónicas

O que fica do passado, sempre,
Nem sempre nos presenteia. (Razão?)

Yerka, Jacek


















Enganos surgem por entre as certezas repostas e a naturalidade dos sentimentos:
Diluição do presente, em abraços embriagados de verdade, em segundos perpétuos…

Amor e amizades que poderiam ser,
(Racional)
(Agora, ontem ou amanhã)

e são!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Castanhas



Dali, Salvador

















Nunca mais é Outono, nunca mais te ouço!
Sim, agora, como talvez sempre…
Tenho medo de já não comer laranjas, de não haver, terem já caído de velhice!
Já nem sei o que fazer à barba, o melhor.
Julho, é do Julho que eu gosto!
Cá em cima, agora e sempre, muito perto…
Vou à nossa casa, barbear-me, sem espelho nem vontade, e tentar não golpear-me!
Arriscar, desprotegido, vê-la cair, rejuvenescer,
Nesse teu Inverno, nesse meu Inverno, nesse teu Verão!
Porquê?
Dou importância, talvez em demasia, como sempre, a banalidades…
Procuro e encontro, na estação errada,
E não percebo muito bem o que penso…
Nem como faço o que não quero, em esforço, quase sempre sem dor…
Como agora, sem esforço, e talvez sempre sofrido!
Talvez, como sempre, ainda aprecie laranjas!
Vou comprá-las,
Vou comprar castanhas!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

1 e 1/2

Yerka, Jacek
E continuo,
Sem perceber muito bem,
Por ser o menos importante…

Ainda hoje…
Ainda agora sou passado,
Onde encontrei este futuro, que vem, sem vai…

O intermédio por encontrar…
A seguir…
Contínuo…
Contínua embriaguez de saudade, também…

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

1999

Fui um de mim, o que mais gosto de inventar.
As sensações foram distorcidas, propositadamente, por metade.
Coincidências de cariz cinematográfico assim o quiseram,
O destino se existir,
E seremos então, a meias, o que hoje já sei!

Magritte, René

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sofá

Escher, M. C.























Buscam-me as pessoas, as imagens, os olhares que sei ter despertado…
Num súbito assomo de prepotência, só me encontra quem eu quero,
Ou quem aproveita aqueles instantes de distracção entre o agora e o não sei quando!

Ficticiamente,
Vou-me cruzando, com alguns, por aí…

Na realidade, argumento e realizo na imagem que me surge,
O nosso espaço…
Entre o aparelho avariado onde se ficciona e a deliciosa claustrofobia de um, demasiado pequeno, figurante,
Estático, tantas vezes a personagem principal,
Num desempenho insuficiente e essencial.

Onde cabemos e, quando sós, nos esperamos por entre a transparência,
Que agora obrigatoriamente abrimos…

Desempenhamos o nosso papel, respiramos
E, dadas as contingências, merecemos, pelo menos, a nomeação…

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Teu, a Ti, em Ti

Pensei em ti, abri a página e improvisas-te em mim o que sabes que quero dizer…
Porque só tu sabes quem eu sou…
E, por isso, te amo!


O'neill, Alexandre